Diante do desafio urgente de reduzir as emissões de gases de efeito estufa (GEE), a logística brasileira está diante de uma encruzilhada estratégica: qual será o combustível do futuro para cada modal de transporte?
Para entender os rumos e alternativas mais promissoras, nosso canal conversou com Marcella Cunha, Diretora Executiva e Diretora Presidente da Associação Brasileira de Operadores Logísticos (ABOL).
A especialista será uma das palestrantes da Intermodal South America 2025, trazendo insights valiosos para o público que participará do evento.
Confira abaixo tudo o que foi revelado pela executiva sobre este tema tão relevante!
A urgência de repensar os combustíveis na logística
A emissão de GEE na logística provém, majoritariamente, do uso de combustíveis fósseis em modais como rodoviário, ferroviário, hidroviário e aéreo.
Conforme Cunha, o cenário é alarmante: 13% das emissões brasileiras de GEE vêm do setor de transporte, sendo o modal rodoviário, que representa cerca de 60% da matriz logística nacional, o principal responsável por essas emissões.
“O tipo de combustível utilizado tem impacto direto na quantidade de CO2 e outros gases emitidos. Por isso, é essencial que o setor logístico repense a sua matriz energética”, afirma a representante da ABOL.
Diagnóstico do setor: o peso do diesel
O 1º Inventário de Emissões de GEE das empresas associadas à ABOL, lançado no final de 2024, revelou um dado contundente: 94,5% das emissões dos Operadores Logísticos (OLs) decorrem da queima de combustíveis fósseis, com destaque para o diesel.
“Essa realidade impõe a necessidade de adoção de soluções de médio e longo prazo, como o uso de combustíveis alternativos. O biogás, em especial o biometano, o HVO (diesel verde) e o hidrogênio verde são algumas das apostas que vêm sendo consideradas”, explica Cunha.
Embora promissores, esses combustíveis ainda enfrentam desafios de infraestrutura e escala no Brasil. Nas palavras de Cunha: “Nossa expectativa é que essas soluções se desenvolvam de forma mais célere. O país precisa consolidar uma cadeia produtiva mais limpa e acessível”, complementa.
As alternativas já disponíveis: eletricidade, etanol e GNV
Enquanto isso, as soluções viáveis no curto prazo estão em uso crescente. A pesquisa Perfil do Operador Logístico 2024, também da ABOL, aponta que 39% das empresas priorizam a eletrificação da frota, seguida por 33% que optam pelo etanol e 26% pelo GNV.
“Essas fontes apresentam menores níveis de emissão e já contam com uma rede de abastecimento mais consolidada no país”, observa Cunha.
Ela ainda destaca que os OLs almejam reduzir, em média, 37% das emissões de CO2 nos próximos oito anos.
Inntegração de soluções e apoio da ABOL
A transformação energética da logística exige mais do que apenas mudar o tipo de combustível. Ela envolve uma série de ações integradas. Para isso, a ABOL conta com uma Diretoria ESG ativa há quase três anos, que oferece suporte técnico e estratégico aos associados.
“Temos Operadores em diferentes estágios de maturidade em relação à descarbonização. Nosso papel é auxiliar cada um deles com projetos, benchmarking e acesso a tecnologias que apoiem a redução da pegada de carbono”, reforça Cunha.
Casos de sucesso e soluções inovadoras
Algumas empresas já colhem os frutos da inovação. Cunha cita exemplos de OLs que instalaram seus próprios postos de abastecimento para gases e outros que ampliaram o uso de energia solar em galpões e armazéns.
“Esses investimentos permitem operar de forma mais limpa e com maior controle sobre o consumo energético”, afirma a especialista.
Além da transição energética, Cunha destaca a digitalização como pilar fundamental: “Soluções em software, sistemas urbanos e logísticos descentralizados estão ajudando a reduzir deslocamentos no last mile, aumentar a eficiência e acompanhar a carga em tempo real”, explica.
O papel do mercado de carbono
Apesar das muitas iniciativas, Cunha acredita que a mudança sistêmica exige um esforço conjunto: “As soluções mais eficientes e estruturadas dependem da integração entre os setores público e privado, conectando indústrias, transportadoras e operadores logísticos”.
Enquanto isso, o setor tem olhado com mais atenção para o mercado de carbono, como forma de compensar parte das emissões inevitáveis. “Estudos, benchmarking e tecnologias adequadas permitirão conciliar uma logística cada vez mais limpa com a manutenção da eficiência e competitividade”, finaliza a diretora da ABOL.
Marcella Cunha na Intermodal 2025
Se você gostou deste conteúdo, certamente terá interesse em participar do painel “Qual o combustível do futuro no Brasil? Os melhores caminhos para cada modal” em que Marcella Cunha debaterá com Eduardo Araujo, Diretor da Fedez Express LAC; Edson Guimarões, CEO Latam do LOTS Group; e Otávio Meneguette.
A Intermodal 2025 ocorre em São Paulo, no Distrito Anhembi, entre 22 e 24 de abril. Aproveite o cupom de desconto CANAL15 e compre já o seu ingresso para o 3º Interlog Summit!