A evolução da tecnologia ferroviária está mudando a maneira como mercadorias e passageiros se movem pelo Brasil e pelo mundo. Basicamente, os processos estão se tornando mais simples, seguros e rastreáveis.
Para falar sobre esse tema essencial, o especialista Alessander Boslooper, com atuação na Connect Rail e no Grupo Boslooper, participou recentemente do Infra Podcast.
Em uma conversa esclarecedora, Boslooper destacou como a tecnologia é determinante para otimizar processos, reduzir custos e, acima de tudo, garantir que as operações ferroviárias sejam seguras e eficientes.
Nós reunimos as principais falas e tópicos abordados para você. Leia a seguir!
A importância da tecnologia embarcada
A tecnologia embarcada é um dos pilares essenciais para o desenvolvimento ferroviário no Brasil.
Segundo Boslooper, as locomotivas utilizadas no país estão no mesmo nível tecnológico das principais ferrovias mundiais.
Esses avanços não se limitam às locomotivas. O conjunto tecnológico inclui computadores de bordo, sensores e sistemas avançados de automação, que garantem operações mais rápidas e precisas, sem comprometer a segurança.
“Você vai inserir tecnologias para que isso seja feito da melhor forma”, pontua Boslooper.
Visão computacional: o futuro da segurança ferroviária
Um dos principais destaques da entrevista foi o uso da visão computacional, tecnologia que vem ganhando espaço no setor ferroviário global.
“Vejo muita probabilidade de ganho de segurança com algumas novidades que já estão circulando no mundo inteiro”, explica Boslooper.
A visão computacional utiliza câmeras, sensores e lasers 3D para monitorar as vias e prever potenciais problemas antes que aconteçam.
Essa tecnologia é extremamente eficiente porque não é intrusiva à ferrovia, podendo ser instalada sem grandes interrupções.
“Isso é algo extremamente importante para o futuro”, reforça Boslooper, destacando o potencial de inovação e segurança no setor.
Fibra óptica e big data: novas fronteiras
Boslooper também falou sobre o uso de tecnologias de fibra óptica e Big Data no setor ferroviário brasileiro.
Ele acredita que, enquanto a fibra óptica tem um vasto potencial ainda pouco explorado no país, o Big Data pode transformar a maneira como as ferrovias operam.
“Existe um grande volume de dados que as tecnologias secundárias já entregam para a ferrovia, mas esses dados não são explorados”, lamenta o especialista.
Ele pensa que tecnologias de Process Mining poderiam otimizar os processos, identificando gargalos e propondo soluções em tempo real.
“Se isso acontecer, a gente vai ter ganhos super importantes”, completa.
PN sensoriada: um case de sucesso nacional
Durante o podcast, Boslooper compartilhou um case inovador que coloca o Brasil em destaque no cenário mundial: a PN Vision.
Desenvolvida em parceria com a Universidade Federal do Paraná e com apoio da sua própria empresa, essa solução é uma revolução na segurança ferroviária.
“Trabalhamos nesta quarta detecção [de trens], e o mais incrível de tudo é que após bancar essa ideia, tivemos uma redução de 75% de acidentes nesses locais”, revela Boslooper.
A PN Vision utiliza visão computacional e sistemas sensoriais de ponta para monitorar componentes críticos da via, garantindo uma disponibilidade de sistema superior a 99%.
“Isso é algo novo, feito em Curitiba, Paraná, Brasil, que não tem no mundo inteiro. Um case de muito sucesso, que só dá para fazer todo mundo de mãos dadas”, celebra o especialista.
Segurança e digitalização de ativos
Boslooper também fez uma analogia interessante entre as ferrovias e o automobilismo, explicando como a digitalização e os sensores ajudam a prever falhas e a evitar acidentes.
“Nos carros de Fórmula 1, os sensores são a ponto de prever uma quebra. Na ferrovia, não é diferente”, disse.
Essa digitalização vai além das locomotivas modernas. “Nos ativos ferroviários também existe muita coisa a ser feita”, complementou Boslooper.
O Brasil no cenário global
Por fim, Boslooper destacou que, em termos de tecnologia embarcada, o Brasil não está atrás das principais ferrovias do mundo.
Com soluções inovadoras, como a PN Vision e a integração de sistemas avançados, o país tem demonstrado seu potencial para liderar em segurança e conectividade ferroviária.
“A tecnologia é nova, é importante e é algo feito no Brasil”, concluiu Alessander Boslooper, reforçando o papel fundamental da colaboração e do conhecimento local no desenvolvimento de soluções para um setor tão estratégico.
Se você tem interesse em se aprofundar sobre o tema, confira também nosso artigo sobre ferrovia 4.0, que apresenta novas soluções para o transporte ferroviário!