Temos uma novidade incrível para vocês! O Intermodal Cast, podcast oficial da principal feira de logística, trnposrte de cargas e comércio exterior da América Latina – Intermodal South America, está no ar!
E para estrear com chave de ouro, o primeiro episódio trouxe uma convidada de peso: Flávia Takafashi, Diretora da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ). Flávia é a primeira mulher a ser indicada pela presidência para ocupar o cargo de diretora na agência e é especialista em regulação de transportes aquaviários, com mais de 10 anos de atuação no estratégico setor portuário brasileiro.
Nesta conversa imperdível, Flávia Takafashi abordou temas cruciais para o futuro do setor. Separamos alguns dos destaques:
Setor portuário em alta: Recorde de movimentação em 2024
O ano de 2024 foi excepcional para o setor portuário brasileiro. Flávia Takafashi destacou que o desempenho foi muito positivo, atingindo um recorde de movimentação total de 1.32 bilhões de toneladas, um crescimento de 1.18% em relação a 2023.
Quais fatores impulsionaram esse resultado histórico? Segundo a diretora, o aumento significativo da safra brasileira, especialmente a produção de grãos como soja e milho, teve um grande impacto. Além disso, a movimentação de contêineres cresceu 20%, um aumento expressivo que reflete um movimento global de crescimento do consumo, tanto na importação quanto na exportação.
Os portos brasileiros demonstraram estar preparados para esse aumento. Esse resultado é fruto de investimentos realizados nos últimos anos, tanto em novos terminais licitados quanto nas expansões previstas em processos de prorrogação de contratos. A desburocratização e a aceleração dos fluxos de aprovação de investimentos e novas outorgas têm sido prioridades da ANTAQ em conjunto com o Ministério de Portos e Aeroportos, buscando dar mais agilidade aos projetos e aumentar a capacidade dos portos.
O crescimento da cabotagem e seu papel estratégico
A cabotagem (transporte pela costa brasileira) também foi um tema relevante na conversa. Flávia ressaltou que este modal tem recebido bastante investimento e incentivos, apresentando um histórico de crescimento anual maior que o aumento das cargas no geral.
Um ponto de destaque é a migração de cargas conteinerizadas para a cabotagem em longas distâncias, como a linha entre o Porto de Santos e Manaus. Esse movimento tem impactado significativamente os portos do Norte, como os terminais privados de contêineres em Manaus, que têm operado com capacidade significativa, mesmo diante dos desafios.
Sustentabilidade, mudanças climáticas e o futuro das hidrovias
A sustentabilidade é uma prioridade na agenda da ANTAQ, abrangendo tanto o meio ambiente quanto a sustentabilidade dos negócios. A agência participa de discussões internacionais, como com a IMO, e busca incorporar premissas globais em suas regulações.
Um dos maiores desafios recentes são os impactos das mudanças climáticas, evidenciados pelas secas severas na bacia amazônica em 2023 e 2024. Para mitigar esses efeitos, a ANTAQ tem focado no desenvolvimento das hidrovias brasileiras. A agência diferencia “rios navegáveis” de “hidrovias”, sendo estas últimas planejadas para garantir perenidade e navegabilidade durante todo o ano, independentemente das chuvas.
Iniciativas como estudos aprovados para o Rio Madeira e Lagoa Mirim, e o avanço nos estudos para as hidrovias do Paraguai, Tocantins e Tapajós, mostram o esforço em tornar a navegação fluvial mais resiliente.
Desafios sociais e ambientais no desenvolvimento das hidrovias
O desenvolvimento de hidrovias como a do Tocantins, com o desafio do derrocamento do Pedral do Lourenço, levanta questões importantes sobre o impacto socioeconômico e ambiental, especialmente para a população ribeirinha que vive e utiliza o rio.
Flávia Takafashi garantiu que a questão ambiental e o cuidado com as comunidades locais são centrais nas discussões e estudos realizados pela ANTAQ e BNDES (responsável pela estruturação dos projetos). O objetivo é usar o potencial do rio para gerar valor econômico, mas sempre com a participação e agregação de valor para as comunidades que já vivem do rio. A modelagem busca dar viabilidade à movimentação de cargas comerciais, mas não pretende gerar custos para embarcações de pesca ou uso local.
Transição energética e portos verdes
A transição energética é outra pauta importante. A ANTAQ tem trabalhado para tornar os contratos dentro dos portos mais atrativos para a instalação de plantas de produção de energias limpas. Portos como Suape, Pecém e Açu já estão avançados nessa discussão, atraindo projetos de hidrogênio verde, regaseificação (FSRU) e aproveitando parcerias internacionais (com portos como Rotterdam e Antuérpia) para trazer expertise em energias renováveis.
O Brasil tem grande potencial na produção de energias renováveis, e os portos são cruciais para a exportação dessa energia limpa, gerando riqueza para o país. A agência busca criar o arcabouço regulatório necessário para incentivar esses novos negócios e tornar os portos mais “verdes”, adaptados para receber embarcações com combustíveis mais limpos e para a geração de novas energias.
Liderança feminina e combate ao assédio no setor aquaviário
Em um setor tradicionalmente masculino, a experiência de Flávia Takafashi como a primeira mulher diretora da ANTAQ é inspiradora. Ela compartilhou os desafios e a importância de ocupar espaços e ter voz em mesas de reunião, quebrando o “teto de vidro”. Há um reconhecimento crescente da necessidade de privilegiar o talento, e muitas mulheres competentes estão prontas para ocupar esses espaços. A própria Flávia destacou a importância de estar sempre se capacitando para estar à altura dos cargos.
Outro ponto fundamental abordado foi o Guia de Enfrentamento ao Assédio no Setor Aquaviário. Flávia, que esteve envolvida em sua criação, revelou que o maior desafio inicial foi romper a barreira de que o assédio “não era um assunto” no setor.
O guia, que completou um ano, teve um impacto significativo. As empresas abraçaram a causa, iniciando campanhas e debates, o que gerou mais conscientização e deu coragem às vítimas para denunciar. O guia ajuda a esclarecer o que configura assédio (sexual e moral) e o que não configura, criando um ambiente de trabalho mais seguro e confortável para todos.
Assista ao episódio completo!
Este foi apenas um resumo dos riquíssimos temas abordados por Flávia Takafashi no primeiro Intermodal Cast. A conversa explorou a fortaleza institucional da ANTAQ, seu papel no crescimento do setor e o olhar humano e sustentável que a agência tem adotado.
Para se aprofundar em todos esses assuntos, entender os detalhes dos recordes, os desafios da seca, os projetos de hidrovias e transição energética, e ouvir a inspiradora trajetória de Flávia Takafashi, você precisa assistir ao episódio completo!
Não perca a oportunidade de se conectar com o que há de mais relevante no setor portuário e aquaviário.