A hinterlândia é essencial para a logística portuária, garantindo que as cargas movimentadas nos portos cheguem de forma eficiente aos centros produtivos.
A integração modal entre rodovias, ferrovias e o transporte marítimo permite otimizar prazos, reduzir custos e aumentar a produtividade das operações.
Confira, a seguir, uma entrevista completa com Aurélio Pretti, diretor-presidente da Macroex.
O especialista nos explica o que é e como funciona uma hinterlândia portuária, conexões, benefícios e o que esperar do futuro. Acompanhe mais nos próximos parágrafos!
Hinterlândia portuária: o que é e como funciona
De acordo com Aurélio Pretti, a hinterlândia portuária envolve toda a movimentação e o transporte de cargas entre o porto e os centros de distribuição ou empresas, geralmente em uma área de hinterlândia (território interior/ longe da costa).
“Inclui operações de transporte terrestre (ferroviário e rodoviário) e a gestão de armazéns (manuseio, separação de pedidos, embalagem) e distribuição, além dos serviços de despacho aduaneiro”, cita.
A hinterlândia portuária, na opinião do entrevistado, ajuda a identificar oportunidades de crescimento e desenvolvimento para o porto e para as regiões envolvidas, além de permitir a elaboração de estratégias para otimizar a distribuição de mercadorias e o serviço logístico.
Como melhorar a conexão entre os portos e os centros produtivos?
A eficiência de um porto, conforme Pretti, está diretamente ligada à sua capacidade de movimentar grandes volumes de carga em menor tempo e custo.
O especialista explica que terminais bem equipados, com infraestrutura moderna e aplicação de processos automatizados, têm capacidade de aumentar a produtividade e reduzir gargalos logísticos.
“E, somado a isso, a proximidade dos portos às principais regiões produtoras e centros industriais, bem como a facilidade na integração intermodal, conectando portos, ferrovias e rodovias, possibilita a distribuição eficiente da carga para diferentes regiões do país”, acrescenta.
Benefícios da integração da logística no fortalecimento do modal aquaviário
Na opinião do diretor-presidente da Macroex, a eficiência logística de um país não depende apenas da infraestrutura portuária, mas também da qualidade da integração entre os modais de transporte.
“No Brasil, o transporte ferroviário enfrenta desafios significativos, como a falta de malha ferroviária adequada e a limitação de conexão direta com os principais terminais portuários”, comenta. “Já o transporte rodoviário sofre com altos custos operacionais, falta de mão de obra e congestionamentos”, completa.
Neste cenário, o modal hidroviário surge como uma solução viável e sustentável para otimizar a logística brasileira. A navegação interior tem grande potencial para reduzir custos, aumentar a capacidade de transporte e minimizar impactos ambientais.
“Os terminais têm investido na conexão eficiente entre modais. Essa combinação de investimentos fortalece o modal aquaviário, abre novas vias e distribuição de mercadorias pelo país e torna a logística mais eficiente e menos cara”, observa.
Brasil e a integração multimodal
Aurélio Pretti traz como exemplo as iniciativas realizadas no porto de Vitória, capital do Espírito Santo e a casa da Macroex.
“A VPorts tem um plano de expansão visando aumentar a capacidade de movimentação do complexo portuário em 80% até 2029. O projeto inclui investimentos em infraestrutura e avanços na modernização operacional”, inicia.
Até o momento, a VPorts e empresas parceiras já aplicaram, segundo Pretti, R$ 580 milhões em 11 contratos voltados para a revitalização e modernização do porto.
Essas melhorias incluem intervenções no ramal ferroviário dentro do porto, reforma de armazéns e recuperação de silos horizontais, e melhorias nos berços de atracação, sistemas de segurança e operações.
“Em 2024, o Porto de Vitória registrou um crescimento de 30% na movimentação de contêineres, alcançando 228 mil TEUs”, recorda.
Mudanças para o futuro na hinterlândia portuária
Aurélio Pretti é categórico ao afirmar o que se pode esperar da hinterlândia portuária brasileira para os próximos anos:
“Mais automação de processos para maior eficiência das operações, aumento de infraestrutura logística na hinterlândia e para pontos distantes, permitindo maior capilaridade de distribuição, além do uso da inteligência artificial para apoiar a produtividade das operações”, finaliza o convidado.
Logo, investir na hinterlândia portuária significa tornar a logística brasileira mais eficiente, sustentável e preparada para atender às demandas futuras do comércio nacional e internacional.
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