O transporte aéreo de cargas ocupa um papel estratégico na cadeia logística, especialmente quando se trata de mercadorias urgentes ou de alto valor agregado. 

Em um país com dimensões continentais como o Brasil, a velocidade na entrega, muitas vezes, define a competitividade das empresas e a satisfação dos clientes. 

A carga aérea se destaca pela rapidez e pela capacidade de integração com outros meios de transporte, oferecendo soluções híbridas e personalizadas. Daí a sua importância para a logística.

No entanto, apesar de suas vantagens, o transporte aéreo ainda enfrenta desafios significativos, como a complexidade regulatória, a necessidade de infraestrutura adequada nos aeroportos e a escolha de parceiros confiáveis. 

Para se aprofundar no tema, o Modal Connection conversou com Marcelo Zeferino, CCO da Prestex Logística Emergencial. Veja abaixo as opiniões do especialista!

Transporte aéreo: velocidade como diferencial competitivo

O transporte aéreo se destaca por sua agilidade e versatilidade, sendo a escolha ideal para cargas críticas que precisam chegar rapidamente ao destino. Ele também se integra com outros modais, formando operações multimodais que maximizam eficiência e cobertura.

“Por exemplo, para transportar uma carga de São Paulo para o interior do Amazonas, pode-se fazer um trecho aéreo, uma parte com marítimo ou cabotagem e o final por rodoviário. Essa combinação garante que a entrega seja feita com segurança e dentro do prazo”, explica Zeferino.

Tal flexibilidade oferece uma capilaridade única, permitindo atender locais que outros modais não alcançam com a mesma eficiência. 

“O aéreo dá velocidade e alcance, características fundamentais quando falamos em operações críticas”, acrescenta o executivo.

Carga expressa: mudança de visão na indústria

Por muito tempo, o transporte aéreo foi visto como uma alternativa cara, utilizada apenas quando algo falhava no planejamento. Porém, essa percepção vem mudando à medida que empresas compreendem o valor estratégico da carga expressa.

“Durante muitos anos, o modal aéreo era tratado como um ‘bicho-papão’ porque encarecia a operação. Mas as dificuldades de infraestrutura no Brasil, como estradas precárias e falta de ferrovias, não vão mudar rapidamente. Para ser competitivo, é preciso incorporar o aéreo como parte da estratégia intermodal”, destaca Zeferino.

Essa mudança de mentalidade posiciona o transporte aéreo como vantagem competitiva, e não apenas como solução emergencial.

“A grande novidade é entender que o aéreo não é só para quando o planejamento falhou, mas sim um recurso estratégico. Para isso, contar com um operador logístico experiente faz toda a diferença”, completa o especialista.

Logística internacional: complexidade e compliance

Quando falamos de logística internacional, os desafios aumentam devido às legislações rigorosas e à necessidade de coordenação entre diferentes países.

Segundo Zeferino, o primeiro passo é a escolha criteriosa do operador logístico. “Não basta colocar a carga em um avião. É preciso seguir normas e especificações para garantir que o transporte ocorra dentro da lei e com segurança”, ressalta.

Ele lembra que empresas especializadas devem ter licenças da Anvisa, Polícia Federal, Exército, Ibama, Cetesb, entre outras, para realizar transporte de produtos classificados. 

Além disso, a tecnologia de rastreamento e monitoramento em tempo real é fundamental para garantir visibilidade ponta a ponta, principalmente em cargas de alto valor.

“Recomendo que as empresas façam uma diligência completa sobre o operador logístico: analisar histórico de operações, segmentos atendidos, tecnologia utilizada e anos de mercado. Essa análise evita riscos e garante confiabilidade”, diz Zeferino.

Aeroportos e a infraestrutura do modal aéreo

Os aeroportos são peças centrais no funcionamento eficiente do transporte aéreo, mas ainda enfrentam gargalos no Brasil. A burocracia alfandegária e a falta de integração com outros modais, por exemplo, podem gerar atrasos que comprometem operações críticas.

Zeferino explica que a experiência do operador faz diferença nesse cenário. “A infraestrutura nacional ainda carece de melhorias significativas. Por isso, o parceiro logístico deve ter expertise para lidar com essas dificuldades e encontrar rotas alternativas”, afirma.

Agilidade e segurança: pilares para operações críticas

A agilidade é um dos principais motivos para escolher o transporte aéreo, mas ela deve vir acompanhada de segurança e compliance. Para Zeferino, rapidez sem confiabilidade pode colocar toda a operação em risco.

“Se a empresa busca segurança, qualidade e rastreabilidade, deve ser extremamente criteriosa na escolha do parceiro logístico. Hoje, é muito fácil se posicionar como especialista, mas difícil é manter esse padrão a longo prazo e entregar um serviço sério e de qualidade”, afirma.

Recomendações para empresas que utilizam o modal aéreo

Zeferino lista os principais pontos que as empresas devem considerar antes de adotar o modal aéreo. São eles:

  • Diligência aprofundada: pesquisar histórico, licenças, segmentos atendidos e capacidade tecnológica do operador;
  • Integração tecnológica: garantir rastreabilidade e visibilidade ponta a ponta;
  • Compliance rigoroso: verificar certificações e normas em dia, evitando riscos legais;
  • Planejamento multimodal: combinar o transporte aéreo com outros modais para otimizar prazos e custos; e
  • Visão estratégica: encarar o aéreo como ferramenta de competitividade, não apenas como solução emergencial.

O futuro da carga aérea

Com o crescimento do e-commerce, da indústria farmacêutica e de setores que dependem de rapidez, a tendência é que o transporte aéreo ganhe ainda mais protagonismo nos próximos anos. Para isso, será fundamental investir em tecnologia, infraestrutura e parcerias estratégicas.

Zeferino finaliza com uma reflexão sobre a importância de bases sólidas: “Nosso mercado é desafiador. Quem não estiver preparado para operar com planejamento será levado pelo vento. O transporte aéreo deve ser visto como uma ferramenta estratégica, capaz de garantir competitividade e confiança na cadeia logística”.

Resumindo: com planejamento e operadores qualificados, a carga aérea se consolida como um pilar essencial para atender às demandas de um mercado cada vez mais ágil e exigente.

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