O universo de Supply Chain é essencial para o funcionamento da sociedade global, visto que países dependem de si e dos outros para o próprio desenvolvimento interno, importando e exportando suprimentos necessários para cada um. E assim como acontece em outros segmentos profissionais, o segmento de logística também é predominantemente masculino, com as principais tomadas de decisão (ao menos em números proporcionais) oriundas de homens.
Mas não precisa ser assim!
Essa pelo menos é a (assertiva) conclusão que chegaram as autoras de “Mulheres que Movem o Supply Chain: Sensibilidade e visão que transformam desafios em soluções únicas na cadeia de suprimentos”.
Nesse livro, 24 mulheres compartilham suas trajetórias, desafios e conquistas em um universo tradicionalmente masculino, revelando como a resiliência, a inovação e a liderança feminina estão transformando a logística e a cadeia de suprimentos. Cada capítulo é escrito por uma executiva diferente e convida o leitor a uma reflexão sobre o mercado profissional de logística.
A conversa aberta “Roda – Mulheres que Movem o Supply Chain”, que aconteceu na Intermodal 2025, trouxe seis das autoras para debater o assunto, sendo elas: Karin Mickenhagen, representante da América do Sul da Geórgia Ports Authority; Flavia Vazquez Soares, business development manager na xpd global; Andreia Pedrosa, diretora comercial; Karin Schoner, presidente no Brasil da JAS Worldwide; Tânia Gonçalves, head of customer success na Plannera; e Jade Lumi Satomi, diretora executiva de supply chain na Raízen.
“Temos um desafio ainda maior que é ser mulher nesse mercado da logística, que é predominantemente masculino. Não é nosso maior desafio, mas foi um dos grandes desafios. Não podemos dizer que isso mudou em 100%, ainda tem uma predominância masculina muito forte, o que não é nenhum problema, mas gostaríamos que tivesse mais troca. A liderança feminina tem sua ousadia e sua classe, e chegamos à conclusão de que há muito espaço para cada um de nós”, lembrou Karin Mickenhagen.
Liderança feminina na logística
O que torna o livro ainda mais especial é o fato de ele ser uma iniciativa pioneira, visto que o mercado de Supply Chain no Brasil não contava com uma obra inteiramente dedicada às mulheres que fazem esse setor girar. Assim, a publicação não apenas preenche tal lacuna, como também estabelece um novo marco para a representatividade feminina na logística e no planejamento estratégico.
“Meu capítulo fala sobre o desafio da empresa brasileira ganhar o mercado externo. E fala sobre a mulher estar abrindo caminho, espaço e novas culturas, que fala também dos diferentes papéis que assumimos no supply chain”, contou Flavia. No total, são 24 capítulos, um para cada executiva, que trazem suas respectivas experiências.
Um dos temas abordados na palestra é sobre como lidar com a liderança sendo a mulher. Tânia exemplificou seu caso, mostrando que há caminhos para serem seguidos, mas que nem sempre são escolhas fáceis: “Tenho uma pessoa muito importante na minha vida que me apoia em grandes passos profissionais que é meu marido. Para que eu possa fazer isso, ele está cuidando dos nossos quatro filhos. Estamos em um cenário socialmente invertido, sou muito grata a isso, mas é um peso que eu e meu marido carregamos. É digno você conquistar uma família dependendo do seu parceiro ou parceira, e está tudo bem. Comecei a me sentir mais confiante ao ver outras mulheres passando pela mesma situação”.
“Como mulher, temos que contar muito com a rede de apoio. Embora as empresas tenham políticas de diversidade, no final das contas temos que contar com nossa rede de apoio”, complementou Flavia.
Origem do livro
A ideia surgiu no lançamento de um livro anterior, “Logística Viva”, projeto em que as autoras Nádia Ribeiro, Flavia Vazquez, Jade Satomi e Xenia Tujii também participaram. Nesse momento, as executivas perceberam que eram as únicas mulheres-autoras durante o lançamento, sendo o gatilho inicial para o surgimento de “Mulheres que Movem o Supply Chain”.
Jade lembrou que o objetivo do Logística Viva era debater a logística mundial, especialmente nesse momento com tantas crises acontecendo em torno do planeta, como a guerra na Ucrânia, que afeta toda a cadeia de suprimentos, assim como os conflitos contra os Houthis que acontecem no Golfo de Aden, principal acesso ao Canal de Suez, no sul do Iêmen. Isso sem contar o tarifaço de Donald Trump, batizado pelo mandatário estadunidense de Dia da Libertação, que ainda vai balançar muito com o mundo.
Mas foi nesse momento que, a meio de tantas lideranças masculinas e tão poucas femininas, surgiu a ideia. “Tenho orgulho que hoje na empresa somos metade mulheres, e hoje lutamos por isso. É possível criar uma carreira com nossos próprios objetivos”, lembrou Andreia.
Além das seis autoras que participaram da conversa (Andreia Pedrosa, Flavia Vazquez Soares, Jade Lumi Satomi, Karin Mickenhagen, Karin Schoner e Tânia Gonçalves), as outras executivas que escreveram o livro são: Aline Salles Kolesnik Mozor, Ana Abreu, Carmem Peggau, Emanuela Borges, Glaucia Megna, Jamile Poinho, Laila Cumerlato, Luiza Bublitz, Madalena Ferreira, Nadia Ribeiro, Nadir Moreno, Priscila Savoia Miacci, Regina Rufino dos Santos, Renata Fernandes, Renata Mihich, Tania Heck Trotta, Virginnia Isaac e Xenia Tujii.
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