A busca por fontes renováveis de energia no mar tem impulsionado o crescimento dos parques eólicos offshore, uma alternativa promissora à geração convencional. Ao instalar turbinas em alto-mar, essas usinas aproveitam o potencial eólico da costa com maior eficiência, menor impacto visual e excelente desempenho energético.

Projetos de energia offshore no Brasil já começam a ganhar força, impulsionando debates sobre infraestrutura, tecnologia flutuante para eólicas offshore e sustentabilidade na geração de energia marítima. 

Neste conteúdo, você vai entender o que são os parques eólicos offshore, por que eles atraem investimentos e quais os principais desafios para a sua expansão no país.

O que são parques eólicos offshore?

Parques eólicos offshore são complexos de geração de eletricidade instalados no mar, compostos por turbinas eólicas offshore posicionadas em áreas com grande potencial de vento. Essas turbinas captam a energia eólica em alto-mar e a transformam em energia limpa e renovável, ampliando a matriz energética com menor impacto ambiental e visual.

Geralmente, essas instalações ficam a vários quilômetros da costa, em profundidades que variam conforme a tecnologia utilizada — desde estruturas fixas no leito marinho até soluções de tecnologia flutuante para eólicas offshore, mais recentes e ideais para regiões mais profundas. 

Há ainda os chamados near-shore, parques construídos mais próximos da terra firme, e projetos adaptados para grandes lagos.

Com mais de 70% da superfície do planeta coberta por água, a infraestrutura para geração offshore permite transformar áreas até então inexploradas em ativos estratégicos de geração elétrica. 

No caso brasileiro, o potencial eólico da costa brasileira se destaca como uma oportunidade única para impulsionar fontes renováveis de energia no mar.

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Cenário global e brasileiro da energia eólica offshore 

O mercado global de energia eólica offshore vem avançando em ritmo acelerado, liderado por países que já dominam as tecnologias de instalação de parques eólicos marítimos. 

China e Estados Unidos ocupam as primeiras posições no setor de energia eólica onshore, com mais de 478 GW e 154 GW de capacidade instalada, respectivamente. 

Alemanha, Índia e Brasil também figuram entre os maiores geradores, com o Brasil alcançando o 5º lugar no ranking mundial de capacidade onshore, somando 33,7 GW em 2024.

Apesar de ainda não possuir parques eólicos offshore operacionais, o Brasil começa a estruturar as bases para explorar esse enorme potencial. 

Atualmente, há cerca de 100 projetos de energia offshore no Brasil com pedidos de licenciamento junto ao Ibama, totalizando aproximadamente 230 GW em potência. No entanto, a maior parte desses projetos está em fase inicial, aguardando avanços regulatórios para sair do papel.

O marco legal da energia eólica offshore, aprovado em janeiro de 2025 (Lei nº 15.097/2025), finalmente regulamentou o uso de áreas marinhas da União para a geração de energia limpa. 

A medida permite destravar investimentos e impulsionar setores estratégicos, como a produção de hidrogênio verde e a instalação de data centers movidos a energia limpa eólica marítima.

Com um potencial técnico estimado em 1.200 GW ao longo da costa brasileira, o país se destaca como uma das maiores promessas para a expansão da capacidade de geração de energia no mar. 

A combinação entre ventos constantes, extensão costeira e incentivos como o Fundo Nacional sobre Mudança do Clima (FNMC) e o novo Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões (SBCE) cria um ambiente propício para o avanço das fontes renováveis de energia no mar no Brasil.

Como funcionam os parques eólicos offshore?

Os parques eólicos offshore funcionam por meio da captação da energia dos ventos em alto-mar, onde a intensidade e constância são maiores. 

Essa energia é convertida em eletricidade através de grandes turbinas eólicas offshore, também chamadas de aerogeradores, instaladas sobre estruturas fixas ou flutuantes no mar.

Cada turbina é composta por pás ligadas a um rotor que gira conforme a força do vento. Esse movimento aciona um conjunto de eixos e engrenagens internas: o eixo lento transmite a rotação para uma caixa de engrenagens, que acelera o giro até alcançar o eixo rápido, responsável por movimentar o gerador. É nesse ponto que a energia cinética do vento se transforma em energia elétrica.

Para garantir o melhor desempenho, o sistema de pitch ajusta automaticamente a inclinação das pás de acordo com a velocidade do vento. Outros sistemas, como os de frenagem e resfriamento, protegem os equipamentos e asseguram o funcionamento contínuo, mesmo sob condições extremas.

Após gerada, a energia é levada por cabos submarinos até a costa, integrando-se à rede elétrica. Todo esse processo exige uma robusta infraestrutura para geração offshore, que inclui plataformas de suporte, redes de transmissão e centros de controle.

Esse modelo de geração vem ganhando força por unir sustentabilidade na geração de energia marítima com alta capacidade de geração de energia no mar, sendo uma das apostas mais promissoras entre as fontes renováveis de energia no mar.

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Vantagens da energia eólica offshore

A geração de energia eólica em alto-mar se destaca não só pelo potencial técnico, mas também pelos benefícios ambientais, operacionais e econômicos que oferece. 

Os parques eólicos offshore têm ganhado força como alternativa viável e estratégica para ampliar o uso de fontes renováveis de energia no mar, especialmente em regiões com vento constante e demanda crescente por energia limpa.

Maior capacidade de geração 

A principal vantagem dos parques eólicos offshore é o aproveitamento dos ventos marítimos, que sopram com maior velocidade e regularidade em comparação aos ambientes terrestres. Esse fator contribui para uma capacidade de geração de energia no mar significativamente maior.

Além disso, a ausência de obstáculos naturais — como edifícios, montanhas ou vegetação — permite uma rotação mais constante das turbinas eólicas offshore, otimizando o desempenho das usinas. 

Em termos técnicos, esse cenário reduz o custo por megawatt gerado e eleva a eficiência do sistema ao longo do tempo, tornando a energia eólica em alto-mar uma solução cada vez mais atrativa para investidores e governos.

Sustentabilidade e energia limpa 

A energia limpa eólica marítima também se destaca pela contribuição direta na redução de emissões de CO₂. Por não queimar combustíveis fósseis, os parques eólicos offshore ajudam a combater o aquecimento global, promovendo a sustentabilidade na geração de energia marítima e o cumprimento de metas de descarbonização.

A energia eólica está entre as mais baratas do mundo e responde por grande parte do crescimento global em fontes renováveis nesta década. Sua expansão não depende apenas de incentivos, mas se justifica também pela estabilidade, escalabilidade e retorno que proporciona.

Com avanços em tecnologia flutuante para eólicas offshore, os benefícios tendem a se expandir ainda mais, inclusive em regiões de mar profundo onde antes não era possível operar. Isso coloca a energia eólica offshore como uma peça-chave na construção de um futuro energético mais limpo, resiliente e acessível.

Desenvolvimento tecnológico e econômico

A instalação de parques em alto-mar exige soluções de engenharia complexas, infraestrutura robusta e mão de obra qualificada, o que favorece a geração de empregos em diversas áreas — da construção naval à manutenção das turbinas eólicas offshore.

Além disso, os investimentos em energia offshore movimentam uma extensa cadeia produtiva que envolve fornecedores de aço, cabos submarinos, sistemas de ancoragem, plataformas e tecnologias flutuantes.

Com o crescimento da demanda global por energia limpa eólica marítima, países que estruturarem sua cadeia de fornecimento desde já poderão se posicionar como protagonistas na exportação de equipamentos e serviços especializados. 

Para o Brasil, isso representa não só uma nova fonte de energia, mas também um vetor de desenvolvimento industrial sustentável e competitivo.

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Desafios da logística nos parques eólicos offshore

Apesar do enorme potencial da energia eólica em alto-mar, a instalação de parques eólicos offshore no Brasil ainda enfrenta obstáculos importantes, segundo especialistas do setor:

  • Ambiente regulatório ainda em construção: a aprovação do marco legal trouxe avanços, mas ainda há incertezas quanto às regras para concessão de áreas, licenciamento ambiental e planejamento de infraestrutura. A previsibilidade regulatória pode atrair investidores e viabilizar projetos de longo prazo.
  • Falta de incentivos financeiros específicos: os custos elevados de instalação e operação exigem políticas de financiamento mais robustas. O setor depende de apoio de instituições como o BNDES e de regras claras para garantir condições equivalentes às aplicadas na energia onshore.
  • Desenvolvimento da cadeia de fornecedores: a produção e logística de componentes para turbinas offshore, como torres, pás e cabos submarinos, demandam uma indústria nacional preparada. Sem demanda estruturada e previsível, o país corre o risco de ficar atrás na corrida por equipamentos e serviços especializados.
  • Qualificação da mão de obra: há escassez de profissionais capacitados para atuar nos desafios técnicos e operacionais da energia eólica offshore. Iniciativas de formação ainda estão em fase inicial, e os órgãos públicos também precisam ampliar sua capacidade técnica para lidar com projetos em alto-mar.

Esses desafios exigem coordenação entre governo, empresas e instituições de ensino para que o Brasil transforme seu potencial eólico na costa brasileira em projetos concretos de energia limpa eólica marítima, com impacto positivo em sustentabilidade, inovação e desenvolvimento econômico.

Os parques eólicos offshore representam uma nova fronteira para a geração de energia renovável no Brasil. Com um dos maiores potenciais técnicos do mundo, o país tem a oportunidade de liderar o desenvolvimento de uma matriz energética mais limpa, descentralizada e sustentável. 

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No entanto, tirar esses projetos do papel requer superar desafios regulatórios, financeiros e estruturais, além de fortalecer a cadeia produtiva e a formação de mão de obra especializada.

Com avanços no marco legal, investimentos crescentes e o interesse de grandes players do setor, o cenário é promissor. A combinação entre energia limpa eólica marítima, inovação tecnológica e compromisso ambiental pode posicionar o Brasil como um protagonista no mercado global de energia eólica offshore nos próximos anos.

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