A expansão da malha ferroviária brasileira está no centro das discussões do setor de transportes. Com investimentos bilionários e projetos estratégicos, o objetivo é transformar a logística nacional. Durante o painel de abertura da NT Expo 2025, especialistas destacaram o impacto econômico, social e ambiental das ferrovias. Entenda mais sobre como a expansão ferroviária impulsiona a economia e sustentabilidade.
No entanto, alertaram para desafios como financiamento, mão de obra especializada e a necessidade de maior integração entre os setores público e privado.
Investimentos em alta e geração de empregos
Projetos como a Ferrovia do Mato Grosso, a Ferrovia Norte-Sul e a Fiol (Ferrovia de Integração Oeste-Leste) estão em andamento e já apresentam resultados expressivos. A Ferrovia do Mato Grosso, por exemplo, emprega atualmente 5 mil pessoas diretamente e tem potencial para gerar 30 mil empregos indiretos.
“A ferrovia gera emprego na construção e uma formação mais qualificada durante a operação, o que vai gerar riqueza e desenvolvimento econômico, principalmente para onde as ferrovias estão chegando hoje”, afirmou Natália Marcassa, vice-presidente da Rumo Logística.
O setor, que é uma das formas mais sustentáveis de transporte, vive um dos maiores ciclos de investimentos desde o Império. Em 2024, as empresas aplicaram R$ 14 bilhões no modal ferroviário. A previsão para 2025 é de R$ 20 bilhões, com um total de R$ 50 bilhões até 2027.
“Hoje temos quatro ferrovias Greenfield em construção, incluindo a Ferrovia do Mato Grosso e a Fiol, além de investimentos em modernização e compra de equipamentos”, destacou Davi Barreto, diretor-presidente da ANTF (Associação Nacional dos Transportes Ferroviários).
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Desafios persistem
Apesar do otimismo, o setor enfrenta obstáculos significativos. A alta taxa de juros, atualmente em 15%, dificulta os investimentos de longo prazo. Além disso, o custo de construção de ferrovias é elevado. “Para fazer um quilômetro de ferrovia, gastamos R$ 26 milhões, enquanto um quilômetro de rodovia custa cerca de R$ 5 milhões”, explicou Natália.
Além disso, a formação de mão de obra especializada é um gargalo, com treinamentos que podem levar até 12 meses.
Parcerias público-privadas e sustentabilidade em foco
O governo federal tem apostado em parcerias público-privadas (PPPs) para viabilizar projetos estratégicos. Leonardo Ribeiro, secretário nacional de Transporte Ferroviário, destacou iniciativas como a renúncia fiscal do ICMS para projetos ferroviários e o uso de instrumentos como o chamamento público para revitalizar trechos ociosos.
“Estamos construindo um banco de projetos para alavancar investimentos em todas as regiões do país”, afirmou.
A sustentabilidade também é um pilar central. Vicente Abate, presidente da Abifer (Associação Brasileira da Indústria Ferroviária), ressaltou que as ferrovias são essenciais para reduzir emissões de gases poluentes e de efeito estufa. “Já temos locomotivas híbridas com células de hidrogênio sendo desenvolvidas pela indústria nacional, além de vagões mais eficientes energeticamente”, disse.
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Perspectivas para o futuro
Com apenas 20% da carga nacional transportada por ferrovias, especialistas defendem que o setor tem potencial para alcançar até 50% de participação na matriz de transporte. Para isso, será necessário ampliar fontes de financiamento e fomentar políticas que valorizem as externalidades positivas das ferrovias, como a redução de custos logísticos e emissões.
“O custo ferroviário é três vezes menor que o rodoviário para Santos e quatro vezes menor para Paranaguá”, destacou Barreto.
A expansão ferroviária é vista como uma oportunidade estratégica para o Brasil reduzir custos logísticos, aumentar a competitividade e promover o desenvolvimento sustentável.
Com alinhamento entre os setores público e privado, o país pode transformar o potencial ferroviário em realidade, garantindo mais carga, mais renda e um futuro mais sustentável.
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