A globalização transformou as cadeias produtivas, conectando mercados e aumentando a competitividade empresarial. Contudo, desafios como crises logísticas, tensões geopolíticas e a necessidade de maior sustentabilidade têm levado empresas a repensarem suas estratégias, buscando a regionalização das cadeias produtivas. 

A estratégica também é conhecida como nearshoring. Mas o que ela representa e como pode impactar o futuro da logística, da produção global e do desenvolvimento regional das cadeias produtivas?

Conversamos sobre isso com Roberto Rila, docente dos cursos de Logística no Senac EAD. Veja, a seguir!

O que é nearshoring e como ele se diferencia de outras estratégias?

De acordo Rila, “o nearshoring é uma estratégia de negócios que consiste em transferir parte da produção ou serviços de uma empresa para um país vizinho ou geograficamente próximo”.

Em outras palavras, são setores econômicos concentrados em uma área geográfica específica. Ao priorizar a proximidade, essa abordagem busca reduzir custos de transporte, melhorar a comunicação e aproveitar semelhanças culturais.

Por outro lado, “o offshoring representa o deslocamento de operações para países mais distantes, enquanto o reshoring é o retorno dessas atividades ao país de origem, muitas vezes motivado pelo aumento dos custos no exterior ou pela busca de maior segurança”.

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Quais fatores têm impulsionado o aumento da regionalização das cadeias produtivas?

O crescimento do nearshoring tem sido impulsionado por fatores como a guerra comercial, já que conflitos comerciais e incertezas geopolíticas levam empresas a buscarem alternativas mais próximas e seguras. 

Além disso, de acordo com Rila: “O aumento nos custos de transporte e a necessidade de maior agilidade tornam essa prática mais atrativa”.

O professor explica que questões trabalhistas e ambientais também são importantes, com a pressão por melhores condições de trabalho e maior responsabilidade ambiental.

Inclusive, ele acredita que o avanço das cadeias produtivas regionais induz as empresas a optarem por países com legislações mais rigorosas. 

Rila também acrescenta que “a crescente digitalização da economia facilita a gestão de operações em diferentes países, fortalecendo a viabilidade do nearshoring”.

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Quais são os principais benefícios do nearshoring para empresas e países?

Rila destaca que, para as empresas, os principais benefícios do nearshoring incluem a redução de custos, com menores gastos de transporte e tarifas alfandegárias, e a agilidade na cadeia de suprimentos, graças à redução do tempo de entrega e à maior flexibilidade para atender às demandas do mercado. 

Além disso, “há uma melhoria da qualidade, com maior controle sobre produtos e serviços, o que facilita inspeções, e uma redução de riscos, já que as empresas ficam menos expostas a riscos geopolíticos e desastres naturais”, diz o professor.

Ele enfatiza que, para os países, os benefícios envolvem a geração de empregos, com a criação de oportunidades de trabalho e estímulo ao desenvolvimento econômico local.

Também há atração de investimentos, com incentivo à instalação e expansão de empresas, e a transferência de tecnologia, que resulta na introdução de inovações e conhecimentos trazidos pelas empresas.

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Como a regionalização das cadeias produtivas impacta a logística internacional e de modais?

O nearshoring impacta a logística internacional de diversas maneiras. A proximidade favorece o aumento do transporte rodoviário e ferroviário, já que esses modais são mais rápidos e econômicos para distâncias menores. 

Consequentemente, conforme Rila: “há uma redução do transporte marítimo e aéreo, pois a demanda por transporte de grandes volumes a longas distâncias diminui”.

Além disso, a logística multimodal ganha maior relevância, com a combinação de diferentes modais tornando-se estratégica para a otimização de custos e prazos.

embarcação com cargas chegando em país que faz parte da regionalização das cadeias produtivas

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Que papel os hubs logísticos regionais desempenham no sucesso dessa estratégia?

Segundo Rila, “os hubs logísticos regionais são fundamentais no nearshoring, oferecendo infraestrutura como armazéns, terminais e centros de distribuição para armazenagem e movimentação de mercadorias”.

Também, de acordo com o professor, eles disponibilizam serviços logísticos, incluindo transporte, armazenagem, embalagem e gestão de estoques.

Outro ponto de destaque é que os hubs garantem conectividade, com integração entre diferentes modais de transporte, o que facilita a distribuição.

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Qual é o futuro da regionalização das cadeias produtivas?

O especialista destaca que o nearshoring tende a se consolidar nos próximos anos devido à busca por maior segurança e agilidade nas cadeias de suprimentos, além do crescente foco em sustentabilidade e digitalização. 

No entanto, Rila reforça que a escolha pela estratégia mais adequada depende das especificidades de cada empresa e setor.

Essa prática, portanto, não apenas promove benefícios tangíveis, como também se apresenta como uma solução adaptável às demandas de um cenário global em constante evolução.

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