O impacto econômico da expansão ferroviária foi um dos assuntos de destaque do Congresso NT Expo debate realizado nesta terça-feira (22/04), na NT Expo – Negócios nos Trilhos. Durante o painel “Mais carga, mais renda: o impacto econômico da expansão ferroviária” representantes do setor público e privado defenderam a aceleração dos investimentos no modal como estratégia essencial para melhorar a competitividade nacional, reduzir o custo logístico e promover o desenvolvimento sustentável.

Representando o governo federal, o secretário Nacional de Transporte Ferroviário do Ministério dos Transportes, Leonardo Cezar Ribeiro, apontou que o crescimento da malha está diretamente ligado ao aumento dos investimentos – tanto públicos quanto privados. “Injetar recursos que movimentam a indústria ferroviária é investir num país com menor custo logístico”, afirmou. Ele destacou ações do governo como o pipeline de projetos em ferrovias para alavancar investimentos em todos os cantos do país, as repactuações dos contratos com Vale, MRS e Rumo, além da regulamentação do chamamento público para permitir que trechos ociosos possam ser transferidos à iniciativa privada de forma mais ágil.

Já o presidente da ANTF (Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários), Davi Barreto, reforçou os impactos positivos do setor. “O transporte ferroviário de grãos para o Porto de Santos, por exemplo, tem um custo três vezes menor do que o rodoviário”, disse. Barreto lembrou que o setor já gera 45 mil empregos diretos e defendeu um aumento significativo da participação do modal na matriz logística nacional. “Hoje temos apenas 20% da carga transportada por ferrovias. Podemos chegar a 50%, desde que haja mais investimentos e incentivos, como o regime de isenção de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) pelos estados para empreendimentos ferroviários”.

A vice-presidente da Rumo Logística, Natalia Marcassa, destacou os esforços da companhia em superar um dos principais gargalos do setor: a falta de mão de obra qualificada. “Pela dificuldade de conseguir profissionais preparados, estamos desenvolvendo, em parceria com o Senai, um programa de capacitação voltado para a construção da nova ferrovia estadual no Mato Grosso”, explicou. A iniciativa envolve recrutamento e formação técnica e visa atender as obras iniciadas em 2022, que terão mais de 700 quilômetros de extensão, ligando Rondonópolis, Cuiabá e Lucas do Rio Verde.

Natalia também ressaltou os desafios financeiros para novos investimentos no setor. “A Rumo deve investir entre R$ 5,8 a R$ 6 bilhões em 2025, mas ainda há muitas oportunidades travadas pelo alto custo da taxa de juros. O olhar de fomento é fundamental para o setor ferroviário. Um quilômetro de rodovia custa cerca de R$ 7 a 8 milhões; na ferrovia, esse valor chega a R$ 26 milhões”, comparou. Ela defendeu iniciativas de transição energética que devem priorizar o modal ferroviário como meio eficiente de descarbonização da matriz de transportes.

Do ponto de vista da indústria, o presidente da ABIFER (Associação Brasileira da Indústria Ferroviária), Vicente Abate, apresentou dados promissores sobre o futuro do setor. “A ABIFER levantou, em março deste ano, 20 projetos que somam 14 mil quilômetros de trilhos de carga no país. Esse levantamento foi enviado ao Tribunal de Contas da União e já estamos recebendo retorno com a possibilidade de novos projetos”, contou. Segundo ele, o avanço do setor depende da consolidação desse pipeline e da mobilização institucional em torno da pauta ferroviária.

A mesa foi moderada pela professora Rosângela dos Santos, da USP, e reforçou que a ampliação da malha ferroviária nacional é uma agenda urgente, com potencial de transformar a logística brasileira e contribuir para uma economia mais eficiente, competitiva e sustentável.

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