Na era da transformação digital e da crescente demanda por eficiência, os centros de distribuição assumem um papel estratégico na logística urbana, especialmente no setor farmacêutico.

A integração de modelos como last mile e cross-docking potencializa o abastecimento em redes de clínicas, farmácias e hospitais, reduzindo riscos e otimizando prazos.

Além disso, com a expansão do e-commerce de medicamentos e produtos de saúde, os hubs logísticos tornam-se peças-chave para garantir rastreabilidade, conformidade regulatória e a confiança do consumidor.

Esse cenário aponta para uma gestão integrada que conecta tecnologia, sustentabilidade e inteligência operacional.

Quer saber mais sobre o assunto? Então continue conosco e confira uma entrevista exclusiva com Anderson Ozawa, CEO da Aozawa Consultoria. Boa leitura!

Os hubs logísticos e as operações do setor farmacêutico

Anderson Ozawa inicia a entrevista explicando que os hubs logísticos, quando bem estruturados, são verdadeiros pontos estratégicos de fluidez e segurança na cadeia farmacêutica.

“Eles garantem o abastecimento ágil e contínuo das lojas, clínicas especializadas, centros de infusão, hospitais, entre outros, minimizando riscos de ruptura de estoque, vencimento de medicamentos e perdas logísticas”, afirma.

“Além disso, permitem consolidação de cargas, otimização de rotas e aumento da acuracidade na distribuição, respeitando normas regulatórias e controlando condições críticas como temperatura e umidade”, acrescenta.

Mais do que depósitos, os hubs logísticos, na opinião de Ozawa, se tornaram extensões operacionais do ponto de venda, permitindo ações de antecipação da demanda, estoques mínimos e estratégias avançadas de reabastecimento, com alinhamento na proposta de valor.

“Com a pressão por entregas rápidas e seguras, o papel desses hubs é integrar tecnologia, compliance regulatório e inteligência logística em tempo real, para entregar excelência para o usuário final, que é o maior impacto na cadeia do negócio”, observa.

Características dos centros de distribuição para melhor atender as demandas farmacêuticas

Os centros de distribuição voltados ao setor farmacêutico precisam, acima de tudo, ter rastreabilidade, controle térmico e governança regulatória. É o que pensa o CEO da Aozawa Consultoria, Anderson Ozawa.

“Isso significa operar com WMS robusto, sensores IoT para temperatura e umidade, sistema de controle por lote e validade, além de conformidade com normas como a RDC 430/2020 da Anvisa”, diz.

Esses elementos, conforme o especialista, garantem a segurança do usuário final, minimização de perdas e integridade legal.

“Além disso, é fundamental que o centro de distribuição tenha layout funcional, segregação clara por tipo de produto (controlado, comum, termolábeis, produtos de alto risco, vencido), picking automatizado, área para devoluções e protocolos de prevenção de perdas, segurança patrimonial e sanitária”, cita.

Ele ressalta, inclusive, que “o centro de distribuição não pode ser apenas ágil, precisa ser confiável, auditável e orientado por dados, pois a falha logística no setor farmacêutico é uma falha de saúde pública”.

O cross-docking e o last mile das entregas

O cross-docking é uma estratégia poderosa para acelerar o last mile na logística farmacêutica, principalmente em redes com múltiplas lojas ou clínicas em áreas urbanas.

Ao permitir que o produto passe diretamente do recebimento para a expedição, sem armazenagem prolongada, reduz-se o tempo de ciclo, os custos com estoque e os riscos de perdas por vencimento, extravios ou avarias.

“No modelo farmacêutico, onde tempo e integridade do produto salvam vidas, o cross-docking possibilita respostas mais rápidas à demanda real. É ideal para produtos com alta rotatividade e curta validade, e para abastecimento frequente de unidades com estoques mínimos”, explica Ozawa.

Quando bem orquestrado com roteirização dinâmica e visibilidade em tempo real, ele transforma o last mile em um diferencial competitivo. E é importante lembrar que a última milha é um dos maiores desafios do supply chain.

Novidades para os centros logísticos que atuam com o segmento farmacêutico

Ozawa prevê que os próximos anos trarão uma logística farmacêutica mais automatizada, preditiva e conectada.

“Veremos centros logísticos com robótica avançada interna (movimentação, separação, conferência), veículos autônomos, blockchain para rastreabilidade ponta a ponta, e algoritmos de IA para previsão de demanda e roteirização adaptativa”.

“Além disso, teremos uma integração crossfuncional forte com geração de resultados nas estratégias de S&OP (Sales and Operations Planning) das empresas”, completa.

A integração com plataformas de cuidado digital e marketplaces de saúde também exigirá logística em tempo real, personalizada e com riscos mitigados para falhas no processo.

“Os hubs do futuro serão hubs clínicos, conectando farmácias, hospitais, operadoras e indústria em um ecossistema único”, adianta.

Os Centros de Distribuição, de acordo com o convidado, passarão a operar com base em dados clínicos, protocolos terapêuticos e até prescrição eletrônica, elevando seu papel de distribuidor para agente estratégico da saúde populacional. 

“Eficiência não será apenas entregar rápido, mas entregar com propósito, segurança, perdas controladas, inteligência e sobretudo, governança”, conclui.

Dessa forma, os hubs logísticos deixam de ser apenas pontos de armazenagem e passam a atuar como elos estratégicos, assegurando que a saúde chegue ao destino certo com eficiência e confiabilidade.