O transporte ferroviário brasileiro consome apenas 3,3 litros de combustível por 1.000 TKU, desempenho superior ao americano (4,7 litros) e drasticamente mais eficiente que o transporte rodoviário nacional, que consome 21 litros para a mesma unidade de transporte. Esta eficiência posiciona as ferrovias como elemento estratégico para as metas de descarbonização do país. Por isso, entenda abaixo como as ferrovias reduzem 85% das emissões de CO2.

“A ferrovia é pilar central para o futuro da sustentabilidade no transporte de cargas“, afirmou Ellen Martins, diretora de Governança e Sustentabilidade da ANTF, durante painel “Como a ferrovia pode ser a locomotiva da transição energética no Brasil?”, realizado no Congresso NT Expo. Dados internacionais corroboram esta visão, mostrando que o modal ferroviário registrou aumento de 37% em eficiência energética desde 2000, enquanto caminhões e veículos leves avançaram apenas 13% no mesmo período.

Renovação da frota pode ampliar ganhos ambientais

A modernização tecnológica dos vagões ferroviários representa oportunidade significativa para o setor. “Vagões de grãos modernos carregam 102 toneladas pesando apenas 27,8 toneladas, enquanto modelos antigos transportavam 57 toneladas e pesavam 23 toneladas”, explicou Eduardo Scolari, presidente da Greenbrier Maxion (GBMX).

O Brasil possui 24.400 vagões com mais de 50 anos em operação. A substituição destes equipamentos por modelos mais eficientes poderia economizar 58 milhões de litros de diesel anualmente e evitar a emissão de 150 mil toneladas de poluentes, segundo estimativas do setor.

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Novas linhas de financiamento verde impulsionam o setor

O BNDES oferece condições especiais para projetos ferroviários, com as menores taxas entre todas suas linhas de financiamento e prazos de até 34 anos. “O banco está com funding disponível e portas abertas para atender as demandas do setor”, destacou Edson Dalto, engenheiro do Departamento de Transporte e Logística do BNDES.

Uma conquista recente foi a inclusão das ferrovias no Fundo Clima, que antes contemplava apenas a eletrificação da infraestrutura. Agora, o fundo também abrange locomotivas híbridas e elétricas, além de combustíveis alternativos, ampliando as possibilidades de financiamento para projetos sustentáveis.

Mudança na matriz de transportes: impacto decisivo

Estudo recente do BNDES sobre descarbonização no transporte de cargas concluiu que a alteração na matriz de transportes tem impacto mais significativo que melhorias nos próprios veículos. “A implementação de projetos ferroviários poderia representar uma redução de 5,5 milhões de toneladas de CO2 por ano, equivalente a 7,1% de redução em relação ao cenário atual”, explicou Dalto.

Sandra Holanda, consultora da Brasil on Rails e ex-secretária Nacional de Mobilidade, reforçou que “o desenvolvimento do país passa pelo transporte sobre trilhos. Isso é um fato, não uma opinião”.

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Indústria preparada, mas demanda previsibilidade

A indústria ferroviária brasileira produziu 1.540 vagões em 2023, com estimativa de 1.600 a 1.700 para este ano, muito abaixo da capacidade instalada de 8 a 10 mil vagões anuais. “O desafio é ter previsibilidade e linearidade na demanda. A indústria está pronta para o crescimento do setor”, afirmou Scolari.

O investimento em ferrovias precisa ser tratado como política de Estado, garantindo planejamento de longo prazo para que o setor ferroviário se torne efetivamente o motor da transição energética no Brasil.

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